Divulgando:Primeira Olimpíada Nacional em História do Brasil -UNICAMP

Por solicitação do nosso amigo-leitor Thiago deixarei por alguns dias esta divulgação de evento que parece bem interessante.

"Olá colegas,
Deixo aqui a divulgação da Primeira Olimpíada Nacional em História do Brasil, iniciativa inédita no país, organizada pelo Museu Exploratório de Ciências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o apoio do CNPq. A Olimpíada é para escolas públicas e particulares e acontece pela internet, com equipes formadas por estudantes do oitavo e nono anos do ensino fundamental e por estudantes do ensino médio, juntamente com seu professor. As inscrições já estão abertas!
www.mc.unicamp.br
Obrigado"

De Qual "Pão" Você Se Alimenta? Qual "Pão" Você Oferece?


Enquanto revisava materiais para um artigo que estou preparando, o seguinte trecho da Enciclica LABOREM EXERCENS-sobre o Trabalho Humano (Papa João Paulo II,1981) me chamou a atenção:

“Se é verdade que o homem se sustenta com o pão granjeado pelo trabalho das suas mãos — e isto equivale a dizer, não apenas com aquele pão quotidiano mediante o qual se mantém vivo o seu corpo, mas também com o pão da ciência e do progresso, da civilização e da cultura — então é igualmente verdade que ele se alimenta deste pão com o suor do rosto; isto é, não só com os esforços e canseiras pessoais, mas também no meio de muitas tensões, conflitos e crises que, em relação com a realidade do trabalho, perturbam a vida de cada uma das sociedades e mesmo da inteira humanidade.”

Ocorreu-me pensar que em muitas situações de trabalho será que estamos comendo, ou ainda, servindo “o pão que o diabo amassou?” Comecei a refletir sobre QUE PÃO ESTAMOS OFERECENDO EM NOSSO AMBIENTE PROFISSIONAL? Em especial àqueles que de alguma forma são nossos subordinados ou dependem de nossos serviços : funcionários, pacientes, alunos, etc.

Nem sempre o pão nutre, nem sempre é capaz de saciar a fome, porém sempre é alimento em potencial. Quando os ingredientes entram em relação através de mãos habilidosas e são transformados pelo calor de um forno, todas as suas propriedades latentes se estruturam e podem então promover a vida.

Uma outra situação onde o pão deixa de ser alimento pleno é quando agredido pela secura do ambiente perde seu frescor, altera seu paladar, tornando-se algo duro, que machuca, que só é engolido por força da necessidade e em situação de sofrimento. E novamente o pão para voltar a ser alimento tem que primeiro recobrar a sua própria vida se deixando banhar e aquecer.

No meio da crise que o mundo do trabalho atravessa (vide o aumento das doenças mentais relacionadas ao trabalho, o desemprego, o sub emprego, entre outros) fazendo tão atuais as palavras do Papa escritas há quase 30 anos, algo de bom pode ser tirado. A crise nos põem em contato com nossos limites e nos obriga a olhar para além de nós mesmos e nossos interesses. Lembrar que somos finitos. E reconhecer que o trabalho só se transforma em “pão” que nutre espirito, intelecto e corpo (nesta ordem!) quando se assume que só há “Pão se for nosso” e nos abrimos a pedir a cada dia o alimento que vem do Céu.

O pão não se faz sozinho.......precisa da mão habilidosa, do forno que aquece e da água que o revigora.

Que “pão” você oferece? Depende de quem vc permite que lhe sove........

Daniela

A Vaidade que Oprime o Trabalhador


Sua paz tem um preço, pois você a conquistou não a troque por qualquer contratempo


Marcela Hipólito

Psicóloga

Limeira-SP


No livro de Eclesiastes 4: 1-16, nos deparamos com um substantivo masculino entre dois femininos, isto é, a opressão, o trabalho e as tribulações. Ora, é assim que o trabalhador se encontra, entre tantas companhias “vaidosas”, porém, sozinho? Solitário na sua particularidade e dominado pelo diferente se deprime, aparentemente as opressões, tribulações, vaidades e invejas, compõem o universo do trabalho. Cabe ressaltar que neste mesmo livro há um texto intitulado: “tempo para tudo”, mas que tempo é esse? O atual? Talvez a “assembléia do povo” tenha dito isto no século III a.C., num tempo de crise, uma época de transição. O povo judeu estava sob a dominação dos reis ptolomeus. Além do tributarismo que explorava o povo com os altos impostos, estava sendo introduzido o sistema de escravidão.


Algo semelhante à composição do passado marca nosso presente (servidão; sujeição; falta de liberdade), porém estas impostas por nós mesmos. A escravidão de si próprio, trás como efeito a tirania, o peso, o jugo, aflição, adversidade, perseguição, desassossego, angústia, sentimento de inutilidade, futilidade, desgosto pelo bem alheio, desejo de possuir o que o outro tem (acompanhado de ódio pelo possuidor). Lembra-se de algum ambiente com essas características? Interno ou externo ou os dois? Acredito que tudo dependerá de nós, o ambiente interno é construído de inúmeros elementos: família, amigos, convicções, crenças, religião, desejos e vivências plurais, no entanto, em determinados momentos ocorrerão “trocas” e você será responsável em aceitar trocar o que tem, visto que ninguém lhe tirará a força, certo? Pensar nos valores que trazemos conosco nos coloca numa situação de valoração do próprio eu, sujeito crítico, que faz escolhas e que se responsabiliza por elas.



Obs: Agradeço a querida Marcela, grande amiga e excelente psicóloga por esta bela reflexão.





Saúde Mental no Trabalho e Gestão de Pessoas: Uma Discussão Interdisciplinar

Daniela Cristina dos Santos [1] e Dalila Alves Correa [2]
Faculdade de Gestão e Negócios, Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP. Piracicaba-SP
santosdaniela@hotmail.com , dacorrea@unimep.br

Resumo

A proposta deste artigo é apresentar uma reflexão sobre a importância da gestão de pessoas na promoção da saúde mental dos trabalhadores. O impacto sobre os trabalhadores gerado pelas intensas mudanças no mundo do trabalho, tem levado ao aumento de problemas como depressão, estresse ocupacional, burnout, transtornos ansiosos, dentre outros. Pesquisas constatam a relação entre adoecimento e aspectos organizacionais, e a necessidade de mais pesquisas de intervenção organizacional. Diante desta realidade é essencial um diálogo interdisciplinar para explicitar a complexidade que envolve o assunto. O artigo foi desenvolvido na forma de um ensaio teórico e das observações vivenciais das autoras.


[1] Terapeuta Ocupacional, Pós-graduada MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, Faculdade de Gestão e Negócios, Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP, Piracicaba-SP. santosdaniela@hotmail.com

[2] Docente do Mestrado Profissional em Administração e Coordenadora do curso de pós-graduação lato-sensu MBA em Gestão Estratégica de Pessoas da Faculdade de Gestão e Negócios, Universidade Metodista de Piracicaba –UNIMEP, Piracicaba-SP. dacorrea@unimep.br

* Artigo apresentado no Congresso Nacional de Pesquisadores -CONAPE, Centro Universitário Central Paulista/UNICEP-São Carlos-SP, em 2007

Leia na íntegra no site Gestão e Liderança, sessão Artigos Cientificos:

http://www.gestaoelideranca.com.br/gestaoelideranca/principal/conteudo.asp?id=4978

Laborem Exercens- Sobre o Trabalho Humano

Laborem Exercens
dirigida aos veneráveis Irmãos no Episcopado
aos Sacerdotes às Famílias religiosas
aos Filhos e Filhas da Igreja
e a todos os Homens de Boa Vontade
sobre o Trabalho Humano no 90° aniversário da Rerum Novarum

- Índice -

OBS: Clique no subtitulo para ler a parte correspondente no documento.


Bênção


I. INTRODUÇÃO
1. O trabalho humano a noventa anos da « Rerum Novarum »
2. Na linha do desenvolvimento Orgânico da acção e do Ensino Social da Igreja
3. O problema do trabalho, chave da questão social


II. O TRABALHO E O HOMEM
4. No Livro do Génesis
5. O trabalho em sentido objectivo: a técnica
6. O trabalho no sentido subjectivo: o homem-sujeito do trabalho
7. Uma ameaça à hierarquia dos valores
8. Solidariedade dos homens do trabalho
9. Trabalho e dignidade da pessoa
10. Trabalho e sociedade: familia, nação


III. O CONFLITO ENTRE TRABALHO E CAPITAL NA FASE ACTUAL DA HISTÓRIA
11. Dimensões de tal conflito
12. Prioridade do trabalho
13. « Economismo » e materialismo
14. Trabalho e propriedade
15. Argumento personalista


IV. DIREITOS DOS HOMENS DO TRABALHO
16. No vasto contexto dos direitos do homem
17. Dador de trabalho: « indirecto » e « directo »
18. O problema do emprego
19. Salário e outras subvenções sociais
20. A importância dos sindicatos
21. Dignidade do trabalho agrícola
22. A pessoa deficiente e o trabalho
23. O trabalho e o problema da emigração


V. ELEMENTOS PARA UMA ESPIRITUALIDADE DO TRABALHO
24. Papel particular da igreja
25. O trabalho como participação na obra do Criador
26. Cristo, o homem do trabalho
27. O trabalho humano à luz da Cruz e da Ressurreição de Cristo

Na integra: http://www.vatican.va/edocs/POR0068/_INDEX.HTM


Rerum Novarum - Do Papa Leão XIII Sobre a Condição Dos Operários

Carta Encíclica
Rerum Novarum
Do Papa Leão XIII Sobre a Condição Dos Operários
15 de maio de 1891
INTRODUÇÃO

1. A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social. Efectivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos dum pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito.

Por toda a parte, os espíritos estão apreensivos e numa ansiedade expectante, o que por si só basta para mostrar quantos e quão graves interesses estão em jogo. Esta situação preocupa e põe ao mesmo tempo em exercício o génio dos doutos, a prudência dos sábios, as deliberações das reuniões populares, a perspicácia dos legisladores e os conselhos dos governantes, e não há, presentemente, outra causa que impressione com tanta veemência o espírito humano.

É por isto que, Veneráveis Irmãos, o que em outras ocasiões temos feito, para bem da Igreja e da salvação comum dos homens, em Nossas Encíclicas sobre a soberania política, a liberdade humana, a constituição cristã dos Estados (1) e outros assuntos análogos, refutando, segundo Nos pareceu oportuno, as opiniões erróneas e falazes, o julgamos dever repetir hoje e pelos mesmos motivos, falando-vos da Condição dos Operários. Já temos tocado esta matéria muitas vezes, quando se Nos tem proporcionado o ensejo; mas a consciência do Nosso cargo Apostólico impõe-Nos como um dever tratá-la nesta Encíclica mais explicita-mente e com maior desenvolvimento, a fim de pôr em evidência os princípios duma solução, conforme à justiça e à equidade. O problema nem é fácil de resolver, nem isento de perigos. E difícil, efectivamente, precisar com exactidão os direitos e os deveres que devem ao mesmo tempo reger a riqueza e o proletariado, o capital e o trabalho. Por outro lado, o problema não é sem perigos, porque não poucas vezes homens turbulentos e astuciosos procuram desvirtuar-lhe o sentido e aproveitam-no para excitar as multidões e fomentar desordens.
Continue a leitura acessando em:

Dignidade do Homem e do Trabalho - Documentos do Vaticano

Meu primeiro contato com artigos do Vaticano no meio acadêmico foi na disciplina Direito do Trabalho, no meu curso de MBA, com a proposta de discutir a encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII. Admirei nosso professor que nos disse que através deste material queria trazer um pouco dos seus valores cristãos, que ele aplica em seu trabalho e com seus alunos de graduação em administração, bem como nos mostrar que as discussões referentes aos conflitos entre homem x trabalho são antigas, inclusive que apesar do tempo muitas problemáticas não foram superadas.

Independente de doutrina, os documentos do Vaticano sobre as realidades temporais do homem são importantes pelo estímulo a reflexão sobre valores éticos a partir da realidade concreta da sociedade.Inclusive as discussões destes documentos tendem a refletir tendencias atuais de pesquisas academicas. Tem também seu valor histórico pois podemos conhecer as preocupações dos homens e da Igreja no decorrer das gerações. E por fim a influencia política que os Papas exercem no mundo enquanto autoridade.
Como gosto da Espiritualidade do Trabalho é natural o contato com os documentos dos Papas. E a partir do exemplo deste meu professor e lendo algumas pesquisas onde estes textos são utilizados, também tenho introduzido este tipo de material com alunos. E a proposta é convidar ao diálogo, estimulando os alunos a buscarem dentro de suas experiencias e crenças (quando não são católicos) autores e textos similares. O resultado tende a ser muito interessante!
Estarei colocando no blog links para alguns documentos sobre trabalho.

Daniela

Dica de artigo: Centralidade das empresas de economia de comunhão

Neste artigo a autora faz uma síntese geral do tema em breve revisão de literatura. Para quem não conhece o assunto o texto proporciona uma boa visão geral dos princípios da Economia da Comunhão. O artigo não apresenta estudo de caso.
Vale conferir 2 quadros esquemáticos nas págs 4 (síntese do tema) e 6 (comparação entre a EdC e a Economia Clássica).
Daniela

Obs: resumo original do artigo

Centralidade das empresas de economia de comunhão

Heloisa Helena A. Borges Q. Gonçalves

SOLTEC/UFRJ

Resumo

A proposta é apresentar a economia de comunhão na liberdade-EdC. Uma experiência de gestão empresarial que nasceu no Brasil em 1991 e se expandiu para cinco continentes do mundo. A EdC toma como base princípios e fundamentos da cultura da partilha, e o trabalho humano como um dos caminhos para a sacralidade, o que se torna um desafio significativo para os empresários que aderem à proposta e atuam numa economia de mercado capitalista. Os lucros, tradicionalmente considerados como propriedade legítima dos patrões ou dos acionistas, tornam-se recursos para um método bem definido que se constitui pela fraternidade universal, pela produção como uma questão ao mesmo tempo técnica e moral e pela interdependência entre produção, consumo e ecossistema.

Artigo na integra acesse:

Revista Cadernos de Administração 3a. ed Jan/Jun 2009
http://www.fsma.edu.br/cadernos/adm_fsma.html


Economia da Comunhão (EdC)

Para quem acompanha a literatura nas áreas de Gestão de Pessoas, Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e Saúde no Trabalho, tem observado as crescentes criticas a competição acirrada e pressão por produtividade e multifuncionalidade que se assiste sobretudo no mercado privado, que tem tido consequencias importantes na vida profissional e pessoal de todos nós afetando saúde mental e física, satisfação com o trabalho, relações sociais e familiares, diminuição de oprotunidades reais de emprego, exclusão de parte da população do mercado formal de trabalho, etc .

Também em eventos que participei tenho ouvido comentários desesperançados de estudiosos ao constatar que apesar do aumento de pesquisas e do discurso de valorização do trabalhador, tudo ainda acontece na prática de forma superficial e com um certo desvirtuamento de intenção onde a valorização do funcionário é feita apenas com vistas ao aumento de produtividade. Uma visão ainda utilitária e de beneficio unilateral (em favor da empresa) inclusive em propostas de QVT e em muitos discursos de Espiritualidade do Trabalho.

Uma vez eu fui a um evento na área de educação em que os organizadores diziam que todos falam sobre problemas, é até fácil, no entanto é mais importante dar destaques as soluções, as boas práticas de trabalho que são realizadas diariamente e que muitas vezes passam desapercebidas. E na minha experiência profissional também tenho constatado que não faz sentido levantar problemas sem apresentar propostas concretas de solução.

Nesta direção vejo que a Economia da Comunhão é uma possibilidade de resposta para o resgate da dignidade do homem trabalhador, da missão social e espiritual da empresa e do trabalho e colocar o capitalismo a serviço do homem e não o inverso como acontece atualmente. A Economia da Comunhão caminha junto com a Espiritualidade do Trabalho, porém traz de forma mais explícita a aplicação dos valores do cristianismo no mundo econômico.

A Economia da Comunhão (EdC) é recente (1991) e nasceu do Movimento Focolares, fundado por Chiara Lubich, que é um movimento católico surgido na Itália em 1943. Este movimento vive e prega o espírito de fraternidade entre as pessoas para que a humanidade viva como uma grande família.

Dos materiais que pude ler a respeito o que me chamou mais atenção neste movimento é que as empresas vivem o sistema capitalista competitivo, em condições de igualdade com as outras empresas, mas têm como diferencial a forma de relação com o lucro e a sensibilização dos empresários no que tange a distribuição dos mesmos. Em situações de crise econômica como temos vivido nestes últimos meses, o primeiro esforço é preservar o trabalhador e seu emprego, onde os empresários abrem mão de forma consciente e voluntária do lucro em favor da manutenção dos empregos. Outro ponto interessante é a percepção de clima organizacional, sobretudo qdo os funcionários comparam a gestão dessas empresas com a de empresas comuns que já trabalharam, afirmando que o ambiente de trabalho em empresas que seguem a EdC é muito melhor.

Acredito que a humanização das empresas e do sistema capitalista é possível se são feitas as escolhas certas (tanto escolhas pessoais como coletivas). E as pesquisas estão aí para provar que a EdC é uma proposta séria, com fundamentos cristãos e científicos sólidos e que, portanto existe esperança no mundo do trabalho onde existem pessoas idealistas e de boa vontade. É um tema que deve ser conhecido e estudado por todos cristãos ou não, pois a solidariedade e a justiça são valores universais.

Para conhecer mais:

http://www.focolare.org/ Site Oficial Focolares

http://www.focolare.org/home.php?lingua=PT Site em português

Economia da Comunhão:

http://www.edc-online.org/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

No site é possível o acesso na integra de pesquisas acadêmicas sobre o tema feitas em diversas partes do mundo, inclusive em universidades do Brasil.

Daniela

Qual o Significado do Trabalho em Minha vida?

Esse breve texto é um convite a reflexão sobre o sentido do trabalho tendo por base trechos da obra de HAUGHEY (1997).[1]

Trabalhar é uma de nossas principais atividades, pois exige de nós um importante investimento de energia e tempo para sua realização. Seja motivado pela realização pessoal ou necessidade financeira, hoje é inquestionável o importante espaço que o trabalho ocupa em nossas vidas. A motivação para enfrentar os desafios que sempre encontraremos em nosso trabalho está muito relacionada com o sentido que a profissão que escolhemos e o ato em si de trabalhar têm para nós.

O bom trabalho é aquele ao qual o trabalhador confere certo grau de importância. Para adquirir controle sobre nossa própria humanidade, precisamos ver e entender o sentido de nossa vida. O sentido não pode vir do trabalho para o trabalhador; é preciso que vá dele para o trabalho. O sentido e a importância residem na interpretação que o trabalhador dá a seu trabalho.

Para que tenha algum significado em sua vida, o trabalho de alguém tem de se encaixar de alguma forma nesta sensação maior de importância da própria vida da pessoa.

Como vejo meu trabalho? Dou à ele pouca importância com julgamentos como : “eu trabalho apenas para poder comer” ou “o trabalho é um mal necessário”, ou ainda “só tolero meu trabalho porque todo mundo espera que eu trabalhe”. Ou damos à ele um significado importante em nossa vida: “eu amo meu trabalho”, ou “eu me sinto autêntico quando estou trabalhando”.
Quais destas vozes estão mais presentes hoje em seu coração?

O trabalho, seja qual for, para ser fonte de realização, não deve ter como fim único o salário. A remuneração é a conseqüência natural de um bom trabalho prestado, mas empobrece o espírito se for um fim em si mesmo. Para tanto é preciso encontrar o sentido transcendente do trabalho.

Transcender é deixar ser tocado pelos sonhos e as esperanças a respeito daquilo que o seu local de trabalho pode ou deve vir a ser. Aquele que trabalha intervém de forma participativa em sua realidade de trabalho, tendo sua ação direcionada para além de suas satisfações e benefícios pessoais, ampliando seu horizonte a fim de beneficiar também aqueles que estão a sua volta. Procurar realizar um sonho maior que o individuo e seus entes amados, pode dar um novo significado ao próprio trabalho, sem falar em sua própria vida.

Os sonhos são menos racionais que os objetivos, portanto têm maior poder de mobilizar energias internas. O grau de sentido entre aqueles que trabalham com um sonho a ser realizado – sonho maior que eles próprios, para o qual se sentem apaixonadamente atraídos, e em vista do qual decidem agir – não pode ser comparado com que os que trabalham sem um sonho, por realizações menores que vêm de si mesmos.

Para refletir:

1) Qual o espaço que seu trabalho ocupa em seu projeto de vida?Qual sua importância para você?

2) Você enxerga a dimensão social de seu trabalho?

[1] HAUGHEY, J. Espiritualidade do Trabalho. São Paulo : Loyola, 1997.

Espiritualidade do Trabalho

ESPIRITUALIDADE DO TRABALHO[1]

Um tema atual no desenvolvimento de pessoas nas organizações é a espiritualidade do trabalho e a espiritualidade das empresas. Estes são dois conceitos que se complementam no sentido primeiro da busca do sentido pleno do trabalho humano e das organizações.

A espiritualidade não é sinônimo de religião no sentido doutrinário ou confessional (porém a religião facilita o desenvolvimento da espiritualidade) mas está relacionada com o sentido de transcendência da vida, o sentido profundo de
missão. A vivência da espiritualidade ou o encontro espiritual tem a ver com um
encontro com uma causa, com uma missão que mobilize a pessoa interiormente
renovando ou mesmo modificando o sentido de sua vida. Está ligada também com a descoberta da vocação como pessoa e profissional.

A vivencia da espiritualidade no contexto do trabalho está em direção da descoberta do sentido profundo do trabalho que leva ao auto aperfeiçoamento a fim de contribuir no desenvolvimento e sustentabilidade do mundo do ponto de vista da ciência, tecnologia, meio-ambiente, cidades, etc, e no desenvolvimento das pessoas que estão mais próximas como funcionários, colegas de trabalho, e todos aqueles que mesmo indiretamente se relacionam consigo e com seu local de trabalho: comunidades, famílias, sistemas públicos, entre outros.

Vale diferenciar as diferenças presentes nessa definição:

· Espiritualidade do trabalho: sentido profundo do trabalho humano.

· Espiritualidade no trabalho ou na Empresa: promoção de meios para vivencia da espiritualidade por parte de seus dirigentes e funcionários em
determinada realidade.

· Espiritualidade da Empresa: sentido da existência da empresa enquanto organização e ramo de negócio na sua relação com o mundo e sua comunidade próxima.

A Qualidade de Vida e Saúde no Trabalho e a Responsabilidade Social estão proximamente ligadas a vivencia da espiritualidade no trabalho, uma vez que a empresas que valorizam a vivencia da espiritualidade prezam pelos valores éticos e humanos, sabendo valorizar a dimensão certa da produtividade e do capital (como meios para a realização o trabalhador e não como fins absolutos em si mesmos).

Na formação de líderes o estímulo a reflexão e vivência da espiritualidade é fundamental uma vez que um dos seus principais papéis é disseminar valores e criar um ambiente com clima propicio a cooperação de maneira autentica para que
ocorra o processo de identificação entre funcionários e empresa. A identificação associada com a percepção de valorização e justiça leva a realização e comprometimento. Para tanto aquele que faz o papel de líder, que é responsável em conduzir e desenvolver pessoas em torno de um objetivo comum, tem que antes de tudo ter claro para si mesmo seus próprios valores éticos e motivações mais profundas.

O tema Espiritualidade no Trabalho e nas Empresas já aparece em pesquisas e estudos sérios em nível científico, o que demonstra que esse é um tema fundamental e não apenas um simples modismo.


[1] Parte da Apostila: SANTOS, Daniela Cristina dos. Liderança e gerenciamento do estresse. Fichamento de aulas. 2008 (mimeo)

Meu Curriculo

Para vocês conhecerem minhas experiencias profissionais e as áreas que gosto de estudar.
É só clicar no endereço abaixo.

Daniela

Curriculo lattes -
http://lattes.cnpq.br/6167218238772040

Trabalho: Ritmo ou Arritmia?

Inicio meu blog com um dos meus temas preferidos da atualidade em Gestão de Pessoas e que também é de muito interesse de meus alunos em aulas e palestras: a Espiritualidade do Trabalho.
É um tema muito bonito que nos ajuda a reencontrar o sentido pleno do ato de trabalhar. Eu gosto muito da visão teológica do trabalho que nos ajuda muito neste momento de crise de valores da sociedade, a resgatar a dimensão profunda do homem como trabalhador.
Eu tenho alguns materiais e conforme for lendo vou dividindo com vocês fichamentos, minhas opiniões e mesmo textos completos quando possível.

Daniela

TRABALHO: RITMO OU ARRITMIA?
Padre Adroaldo, Vila Kostka (Mosteiro Jesuíta) Itaici –Indaiatuba-SP

O ritmo é a regular sucessão de uma série de acontecimentos e atividades, um tempo que cria beleza e harmonia. Nossa vida é harmônica, bela? Vivemos ao estilo de um Mc Donalds, ou experimentamos a dimensão humana caracterizada por uma rica interioridade? É trabalho sem respiro, ou "trabalho repousante"? É ritmo humanizante ou arritmia desumanizante?...

É muito compreensível que a espiritualidade inaciana, tão aberta à ação, ofereça algo próprio e específico à espiritualidade do trabalho. E é precisamente neste campo da vida cotidiana onde se dá a originalidade inaciana. Para S. Inácio, a vida cristã, que é carregar um "jugo" de compromisso generoso, deve ser também uma experiência de ação e contemplação, de ritmo e repouso, um repouso que não é vazio, mas "presença de Deus e comunhão".

Assim, o "trabalhar descansadamente" dos Exercícios não só tem a significação de experiência saudável, senão que se abre a uma experiência espiritual autêntica – experiência de descanso existencial – vivida na fé, mas profundamente humana. A pessoa que passa pela experiência dos Exercícios Espirituais, ordena sua vida cotidiana e converte o ritmo stressante do trabalho em repouso; unifica a vida desordenada ou dispersa e lhe devolve a capacidade de responder a Deus em qualquer situação que viva, de modo que possa "em tudo amar e servir à sua divina majestade" (EE. 233).

A pedagogia dos EE, que são pedagogia de vida cristã e pedagogia de vida humana, constitui uma ajuda de grande atualidade para que possamos encontrar um ritmo humano e humanizante no nosso "modo de trabalhar". Este é o desafio: buscar os tempos de repouso contemplativo numa sociedade na qual fácilmente nos deixamos arrastar a um tipo de vida desintegrada e sem direção, onde os ritmos trepidantes do trabalho nos impedem viver segundo as próprias leis vitais e onde o ruído, não tanto material quanto o social e existencial, nos ensurdece espiritualmente.

Vivemos tempos isolados. Espera-se por fechar um capítulo para abrir outro, autônomo e diferente. Nossas semanas vão sendo devoradas por uma sucessão de compromissos ou de projetos. Sentimo-nos realizados no fazer, no organizar, no estar a tempo pleno em atividade. O descanso é um veloz respiro para passar a outro compromisso.

Uma das formas mais freqüentes e mais perigosas de anular o potencial humanizador de nosso trabalho, é convertê-lo numa tortura mais que numa experiência positiva de crescimento pessoal ou de encontro com os outros, é esvaziá-lo de sentido através de um ritmo sufocante, é perder a paixão por aquilo que se faz quando deixamos de pôr os olhos n’Aquele que "trabalha sempre".
O "ativismo" é perversão do trabalho enquanto colaboração com o "Deus trabalhador"; correr e afadigar-se loucamente é um gasto de energia sem sentido, é cair nas redes da morte da gesticulação inútil e do lamento inoperante. Um trabalho assim vivido nos leva a sacrificar dimensões muito importantes e necessárias da vida, ou nos conduz a compulsividades e dependências que nos fazem ser o centro, rompendo a relação de companheirismo e de servidor na relação com os outros.

Diante desta insensata realidade, faz-se necessário educar-nos durante a jornada para obter pequenos espaços de silêncio e contemplação, assumindo a gestão de nosso mundo interior (por quê faço isso? para quem?). Trata-se de um exercício importante sem o qual não seria possível uma vida em plenitude. Precisamos urgentemente deter-nos, retomar o alento, libertar-nos da angústia de não conseguir fazer tudo o que deve ser feito no marco das 24 horas que definem a jornada. Na busca de paz e tranqüilidade, o primeiro passo é distanciar-nos do mito da velocidade, que só serve para os programas de software e para os grandes prêmios de Fórmula Um.

Nós, pequenos seres humanos, deixemo-nos levar pela exigência do ritmo repousante. Comecemos a praticar a pausa, as longas pausas, o passo lento, o olhar calmo e contemplativo, os gestos serenos... Viver é ser mais lentos, mais suaves, mais essenciais, mais conscientes... com mais profundidade. Com isso, teremos a serenidade para poder descobrir, ou encontrar, na vida cotidiana, pequenos tesouros que enriquecem nossos encontros. Para isso é preciso fixar e afinar os sentidos; é preciso descer de nossa máquina existencial de corrida, caminhar pela rua, deter o olhar, reconhecer os rostos, apertar a mão, intercambiar sorrisos... Assim, nosso trabalho se converterá em sinal de benção que faz crescer a beleza e o sentido das coisas; e a festa da vida não terá fim.

Textos bíblicos: Mc. 4,26-32 Ecle. 2,17-26

Video: Os desafios extras na conciliação da carreira e a criação de filhos(as) com deficiências

Assisti semana passada. Muito interessante!  Existe um antes e um depois do nascimento de um filho e é uma pena não considerar a riqueza des...