De Qual "Pão" Você Se Alimenta? Qual "Pão" Você Oferece?


Enquanto revisava materiais para um artigo que estou preparando, o seguinte trecho da Enciclica LABOREM EXERCENS-sobre o Trabalho Humano (Papa João Paulo II,1981) me chamou a atenção:

“Se é verdade que o homem se sustenta com o pão granjeado pelo trabalho das suas mãos — e isto equivale a dizer, não apenas com aquele pão quotidiano mediante o qual se mantém vivo o seu corpo, mas também com o pão da ciência e do progresso, da civilização e da cultura — então é igualmente verdade que ele se alimenta deste pão com o suor do rosto; isto é, não só com os esforços e canseiras pessoais, mas também no meio de muitas tensões, conflitos e crises que, em relação com a realidade do trabalho, perturbam a vida de cada uma das sociedades e mesmo da inteira humanidade.”

Ocorreu-me pensar que em muitas situações de trabalho será que estamos comendo, ou ainda, servindo “o pão que o diabo amassou?” Comecei a refletir sobre QUE PÃO ESTAMOS OFERECENDO EM NOSSO AMBIENTE PROFISSIONAL? Em especial àqueles que de alguma forma são nossos subordinados ou dependem de nossos serviços : funcionários, pacientes, alunos, etc.

Nem sempre o pão nutre, nem sempre é capaz de saciar a fome, porém sempre é alimento em potencial. Quando os ingredientes entram em relação através de mãos habilidosas e são transformados pelo calor de um forno, todas as suas propriedades latentes se estruturam e podem então promover a vida.

Uma outra situação onde o pão deixa de ser alimento pleno é quando agredido pela secura do ambiente perde seu frescor, altera seu paladar, tornando-se algo duro, que machuca, que só é engolido por força da necessidade e em situação de sofrimento. E novamente o pão para voltar a ser alimento tem que primeiro recobrar a sua própria vida se deixando banhar e aquecer.

No meio da crise que o mundo do trabalho atravessa (vide o aumento das doenças mentais relacionadas ao trabalho, o desemprego, o sub emprego, entre outros) fazendo tão atuais as palavras do Papa escritas há quase 30 anos, algo de bom pode ser tirado. A crise nos põem em contato com nossos limites e nos obriga a olhar para além de nós mesmos e nossos interesses. Lembrar que somos finitos. E reconhecer que o trabalho só se transforma em “pão” que nutre espirito, intelecto e corpo (nesta ordem!) quando se assume que só há “Pão se for nosso” e nos abrimos a pedir a cada dia o alimento que vem do Céu.

O pão não se faz sozinho.......precisa da mão habilidosa, do forno que aquece e da água que o revigora.

Que “pão” você oferece? Depende de quem vc permite que lhe sove........

Daniela

3 comentários:

  1. Dani, que magnífica reflexão! Adorei! Muito bem escrita e fácil de entender e compreender. Além de abordar um assunto importantíssimo para os dias de hoje, porém no qual ninguém para para pensar.

    Seu blog está muito bom!

    Beijos!

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  2. Excelente texto, Dani. Parabéns!
    De forma tão sucinta, você refletiu com muita profundidade e nos ajudou a pensar que frutos queremos dar com nosso trabalho.
    Fernanda

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  3. Antes de mais, tomei conhecimento deste post por intermédio da Gigi.
    Gostei da reflexão: é assertiva e ao mesmo tempo tocante.
    A crise actual tem dois aspectos interessantes:

    1º) Obriga-nos a repensar a nossa filosofia de vida e a questionar as nossas atitudes pessoais perante a sociedade;

    2º) Revela o pior que o capitalismo tem.

    O trabalho deve ser orientado para melhorar a nossa vida na dimensão humana e familiar e não para o mero consumismo e ostentação, os quais, ao fim e ao cabo, são a raiz desta crise global.

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