A Relação Prazer e Sofrimento no Trabalho Em Serviço Público E O Desafio Da Reflexão Conjunta Entre A Gestão de Pessoas e a Saúde Mental no Trabalho *

Daniela Cristina dos Santos, Terapeuta Ocupacional/UFSCar, Pós Graduada MBA Gestão Estratégica de Pessoas/UNIMEP, Membro GEOGEP - Grupo de Pesquisa Estudos Organizacionais e Gestão com Pessoas/UNIMEP. Membro Laboratório de Saúde Mental e Trabalho/FCM/UNICAMP


Dalila Alves Corrêa, Doutora em Administração pela FEA/USP, Pesquisadora do Mestrado Profissional em Administração, Líder do GEOGEP- Grupo de Pesquisa Estudos Organizacionais e Gestão com Pessoas, Coordenadora do MBA Gestão Estratégica de Pessoas, UNIMEP


João Petrucio Medeiros da Silva,
Doutor Saúde Coletiva/UNICAMP, Mestre em Educação/UNICAMP, graduado em Ciências Sociais/UNICAMP,
Membro Laboratório de Saúde Mental e Trabalho/FCM/UNICAMP

Marcela Hipólito de Souza Silva,
Psicóloga, Pós-Graduada em Psicopatologia e Psicossomática, Pós-Graduação (aluna especial) em Saúde Coletiva/UNICAMP

*Trabalho aprovado no evento:


VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho
I Congresso da Associação Internacional de Psicodinâmica e Psicopátologia do Trabalho


http://www.pdt2010.net/index.asp?ss=40

Em maio vocês poderão conhecer o artigo em maiores detalhes, pois sairá nos Anais de evento no fim de abril.
Aguardem!

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A aprovação deste trabalho neste importante evento, foi uma alegria para mim e os demais autores, após meses de trabalho árduo.

Ele nasceu de dois outros trabalhos, no qual um deles pode ser conferido aqui no blog http://danielasantosconsultoria.blogspot.com/2009/07/saude-mental-no-trabalho-e-gestao-de.html .

Mas a maior inspiração dele foi um trabalho premiado num evento interno da UNICAMP, em co-autoria com o João Petrucio (II SIMTEC- Simpósio dos Profissionais da UNICAMP,2008) com o mesmo tema, que recebeu Menção Honrosa. Este é um evento que a comunidade toda da UNICAMP participa com pesquisas e projetos acadêmicos e profissionais. No ano de 2008, haviam mais de 400 pôsters em diversos temas. Que me lembro dentro do tema especifico do nosso pôster (Administração e Gestão) haviam em torno de 150 trabalhos e o nosso ficou entre os 10 premiados.
E este prêmio que me motivou a arriscar um evento internacional, onde convidei os co-autores dos outros artigos a participarem comigo, além da queridíssima amiga Marcela Hipólito, que é uma excelente psicóloga daqui de Limeira (que vocês leitores já a viram ser citada algumas vezes aqui no blog).

Algo que me marcou na apresentação deste pôster foi a reação das pessoas diante dele, onde elas paravam e olhavam e depois diziam :"isto é verdade!", "é isto que precisamos". Mas me marcou muito uma moça que depois de olhar longamente o pôster me disse com um tom de pesar mais ou menos isso: "a Unicamp é uma grande desilusão para mim! Eu sonhei muito em um dia trabalhar aqui. Na cidade é uma instituição com prestígio, dá status trabalhar aqui, uma grande organização, mas depois que entrei vi que não era nada do que eu sonhei...."

Na sua essencia a Psicodinâmica do Trabalho nos ajuda a entender todo esta dinâmica de relações e sentimentos no contexto de trabalho. Falas como desta pessoa acima, todos nós em algum momento de nossa vida profissional já experimentamos, e de maneira bastante simples o adoecimento mental no trabalho tem haver com as possibilidades de resolução dessas emoções.

O maior aprendizado que tive na escrita deste trabalho, foi entender o que na visão de Dejours é o sofrimento no trabalho. Às vezes se tem uma visão de senso comum sobre este conceito como algo negativo, uma coisa árdua, etc, quando na verdade o sofrimento é um momento de confrontamento do individuo com a realidade. A pessoa pode caminhar para uma resolução saudável, quando pode questionar a realidade, se expressar, aprender, utilizar de forma plena seu potencial criativos, ou pode entrar em adoecimento mental ou psicossomatizações quando ela é obrigada a se calar, quando é rotulada como problemática ou doente diante de problemas que na verdade são falhas de gestão, quando os seus recursos internos e externos não são compatíveis com a realidade a ser lidada. Isto em linhas bem gerais.

Uma outra questão importante é que existe um fosso entre a academia e os profissionais de gestão na área pública no que se refere as práticas de saude mental no trabalho. A falta de dialogo entre as partes e a falta de visão de pesquisa por parte dos profissionais, faz com que as propostas não se efetivem, se limitando a nivel de sugestões. A Gestão de Pessoas no contexto público carece de maior interesse por parte dos pesquisadores, porém estudos apontam a administração pública uma área complexa de estudos, onde ao invés da relação com o capital, o que a norteia são as relações de poder. Dentro dos Estudos Organizacionais a Gestão Pública é interessantíssima, encanta no que tange ao conhecimento e também desencanta por suas verdades.......

O grande desafio da implantação de programas sérios de atenção e prevenção em Saúde Mental no Trabalho, é o que o sofrimento mental no trabalho e o adoecimento denunciam problemas em processos de gestão. Para quem conhece a área sabe que a Saúde Mental no Trabalho e a Gestão de Pessoas estão intrinsecamente ligadas, não se faz a primeira sem a segunda, sem questionar valores e cultura.

Para quem quiser entender melhor a Psicodinâmica do Trabalho e o processo de adoecimento mental no trabalho por esta perspectiva, postei dois artigos no blog que vale conferir:

http://danielasantosconsultoria.blogspot.com/2010/03/subjetividade-trabalho-e-acao.html

http://danielasantosconsultoria.blogspot.com/2010/03/transformacao-do-sofrimento-em.html

Boa leitura!

Dani


Congresso:VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho


Divulgando evento imperdível para os amantes da Saude Mental no Trabalho, Saúde do Trabalhador, QVT e Gestão de Pessoas e temas afins.

Contará com a presença de
CHRISTOPHE DEJOURS (Conservatoire National des Arts et Métiers-Paris, França) que é internacionalmente referência no tema.

Estarei lá com meus amigos da Unimep e da Unicamp, apresentando trabalho.

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VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho


I Congresso da Associação Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho


http://www.pro.poli.usp.br/eventos/pdt-2010

AVALIAÇÃO DO TRABALHO E SAÚDE MENTAL

O Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, instituição que comemorou, em 2008, seu cinqüentenário e que, ao longo de sua história, consolidou-se como centro de excelência no ensino e pesquisa em Engenharia de Produção e gestão de operações, tendo formado mais de 3000 profissionais e pesquisadores, muitos dos quais importantes formadores de opinião que ocuparam e ocupam posições de destaque na sociedade, organizará, juntamente com a Faculdade de Medicina desta Universidade e a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, o evento internacional PDT 2010 - VI Colóquio Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho/ I Congresso da Associação Internacional de Psicodinâmica e Psicopatologia do Trabalho, a ser realizado entre os dias 21 e 23 de abril de 2010, no Hotel Intercontinental, na cidade de São Paulo, SP.

Tendo como tema central "Avaliação do Trabalho e Saúde Mental", o evento pretende proporcionar, a acadêmicos, pesquisadores e profissionais, oportunidades para interagir com pessoas ligadas a suas áreas particulares de especialização.

  • Línguas Oficiais
    Português e francês
  • Temas
    Avaliação do trabalho e sofrimento psíquico
    Metodologias de avaliação
    Modalidades de ação em psicodinâmica do trabalho
    Pesquisas em psicodinâmica do trabalho
    A psicodinâmica do trabalho como ferramenta para a transformação
    Trabalho e gênero
    Contribuições da psicodinâmica do trabalho para a concepção de novas formas de avaliação
  • Disciplinas/ Áreas Afins e Psicodinâmica do Trabalho
    Ergonomia e atividade de trabalho
    Clínica da atividade, gênero e estilo
    Ergologia
    Agir organizacional
    Organização do trabalho
    Gestão de pessoas
    Psicologia social e do trabalho
    Sociologia do trabalho
    Teorias do estresse
Inscrições: http://www.pdt2010.net/index.asp?ss=40&m=856&c=788

Espiritualidade do Trabalho e nas Empresas: uma Reflexão para a Gestão de Pessoas

Daniela Cristina dos Santos, Terapeuta Ocupacional, Pós-Graduada MBA Gestão Estratégica de Pessoas, Membro do GEOEP -Grupo de Pesquisa Estudos Organizacionais e Gestão com Pessoas-UNIMEP


Marcela Hipólito de Souza Silva, Psicóloga, Pós-Graduada em Psicopatologia e Psicossomática, Pós-Graduação (aluna especial) da Saúde Coletiva – UNICAMP.


RESUMO

O presente artigo discute a importância da busca de aprofundamento conceitual sobre a espiritualidade do trabalho e nas empresas a partir da perspectiva da Gestão de Pessoas. Trata-se de um ensaio teórico sobre o tema exposto e abrange obras de autores e pesquisadores atuantes na área. Busca-se fornecer ao leitor um espaço reflexivo, de modo que o sentido do trabalho possa ser evocado a partir do aprofundamento conceitual da temática.

Palavras-chave: espiritualidade nas empresas, gestão de pessoas, treinamento e desenvolvimento


[1] Trabalho apresentado no 7º. Congresso de Pós-Graduação na 7ª. Mostra Acadêmica, Tema: “Ciência, Tecnologia e Inovação: a Universidade e a Construção do Futuro”. Piracicaba-SP: UNIMEP. 10 a 12 de novembro de 2009. Publicado em Anais.


INTRODUÇÃO

Diante das rápidas mudanças que a sociedade tem passado nestes últimos anos, observa-se um movimento de questionamento e resgate de valores e de sentido da vida, diante de uma sociedade individualizada e desumanizante. A busca pela espiritualidade e suas diferentes formas de mediação e expressão têm ainda que discretamente, emergido como possibilidade de resposta nesta busca de sentido. O mundo do trabalho também passa por esta crise de valores e de sentido, de modo que são retratados por diversos sinais, tais como: aumento das doenças ocupacionais relacionadas à saúde mental (ex. estresse, depressão, burnout), o aumento do desemprego e do subemprego, a obsessão pelo desempenho e o lucro, bem como pelo maior interesse da área de Gestão de Pessoas por práticas como qualidade de vida no trabalho, estratégias de humanização de gestão, responsabilidade social, preocupação com satisfação no trabalho, entre outras.

A Espiritualidade nas Empresas é um assunto que de maneira discreta tem aparecido na literatura nacional acadêmica e profissional como solução para o aumento de produtividade, porém com sentido para o trabalhador. Está também relacionada como meio de se propiciar a felicidade do individuo em seu trabalho e em sua organização.

Apesar de em termos quantitativos ser baixa a produção nacional de pesquisas na área de Gestão de Pessoas sobre o tema, o tipo de publicações encontradas são suficientes para fornecer pistas de reflexão enquanto lacunas conceituais a serem mais bem exploradas, para análise e criação de estratégias de pesquisas empíricas, e oferecem um mínimo de material de apoio para diálogo formal em situação de ensino. Também apontam a necessidade da Gestão de Pessoas dialogar com outras áreas de conhecimento como as ciências da religião, a teologia, a sociologia e a filosofia, no sentido de se sair de uma visão periférica do tema para melhor compreensão com profundidade do sentido transcendente do homem, seu trabalho e o sentido da existência das empresas para a humanidade. A literatura ligada a sociologia, filosofia e teologia traz interessantes conceitos como o mundo pós-humano, onde a tecnologia se iguala ao ser humano enquanto status e o homem vai perdendo a noção de seu papel social e a noção de si mesmo (CADERNOS IHU EM FORMAÇÃO, 2008); a hipermodernidade que tem como princípios a valorização do indivíduo e do individualismo, a promoção do mercado como sistema absoluto de regulação econômica; e o desenvolvimento técnico-científico, concebido como solução para todos os anseios da humanidade; tudo isso inserido numa sociedade do hiperconsumo que leva ao mesmo tempo a aparente felicidade e conseqüente decepção (RAUPP, 2008); e a busca pela espiritualidade porém desinstitucionalizada (não aceitação doutrinaria) e individualista (SIQUEIRA, 2008). Estas áreas de conhecimento ajudam a entender que se o ambiente organizacional carece de sentido é porque o homem está perdido enquanto humano, sem saber o que fazer com todos os excessos conquistados (autonomia, consumo, poder, etc). E ajuda também a analisar qual é a contribuição do mundo organizacional enquanto “vilã” e “vitima” nesta crise de valores atuais.

A relevância deste trabalho se deve a busca da humanização das organizações e a espiritualidade estarem aparecendo como um elemento intermediador entre homem–trabalho-empresa, para garantia de felicidade e produtividade nas empresas. Porém há a necessidade de se incentivar que mais pesquisadores e profissionais da área se interessem pelo tema, explorando tanto um aprofundamento conceitual como a inclusão deste tipo de estudo na formação de futuros gestores. Isto porque conforme afirma Penteado et al (2007) a espiritualidade nas empresas pode estar voltada para o bem, mas também para o mal, quando está voltada para o dinheiro e tem como finalidade principal ou única o bem da empresa. E ainda Vasconcelos (2007) chama a atenção de que é preciso discernir se a espiritualidade não é mais um tema de modismo na área de administração. E esta colocação tem sentido uma vez que se associa a espiritualidade ao servir, porém pouco se questiona servir a quem e a quê.


OBJETIVOS:

A partir de reflexão teórica identificar possibilidades de aprofundamento conceitual sobre a espiritualidade do trabalho e nas empresas dentro da Gestão de Pessoas.


DESENVOLVIMENTO:

Metodologia: ensaio teórico desenvolvido a partir de revisão breve de literatura. O estudo, na qualidade de um ensaio teórico procedeu da coleta de dados secundários extraídos de obras de autores e pesquisadores atuantes na área de espiritualidade do trabalho e nas empresas.


Resultados e Discussão:

Para se entender a espiritualidade nas empresas é essencial o entendimento dos seguintes conceitos de base: o quê é o espírito, a espiritualidade e a espiritualidade do trabalho.

A palavra espírito é originada do latim spiritus e significa sopro, alento, exalação. Se refere a parte imaterial, intelectual e a alma do homem. (MORA, 2005). Já a espiritualidade envolve questões quanto ao significado da vida e à razão de viver, não limitado a tipos de crenças ou práticas religiosas. Está relacionada com experiências profundas, onde a pessoa entra em contato com o mais profundo do seu ser através de sentimentos que mobilizam o individuo internamente, mexem com sua identidade ,estruturam e redirecionam sua vida. É uma experiência subjetiva, muitas vezes compreensível apenas aqueles que a experimentaram e é difícil de expressar. A experiência espiritual pode ser comparada a uma forte experiência amorosa e tem como base a vivencia comunitária e a certeza de uma presença (Deus). (GONZÁLES-QUEVEDO, 2008; VASCONCELOS, 2006)

A função da espiritualidade é dar sentido para a vida e pode ser cultivada por vários caminhos tanto através de práticas religiosas como de atividades artísticas, esportes, engajamento em causas sociais, enfim, nas próprias experiências cotidianas. (BARCHIFONTAINE ,2007; VASCONCELOS, 2006). Um ponto que é importante ressaltar é que de acordo com Vasconcelos (2006) mesmo as crises e sofrimentos podem levar a uma experiência espiritual construtiva.

A espiritualidade do trabalho é pouco comentada de forma direta nos artigos consultados mas está ligada a importância do papel do trabalho na vida do homem. Trabalhar é uma necessidade intrínseca do homem, fonte de saúde mental, portanto é importante sempre estar atento em que condições ele acontece e como mudanças sociais e econômicas interferem nas condições em que este trabalho é realizado. (SANTOS, 2006). Por uma perspectiva teológica está relacionado com a dimensão vocacional do ser humano, um sentido profundo de missão em relação à humanidade. Através do trabalho o homem e a mulher participam da obra da criação, transformando-se a si mesmos, transformando o mundo, encontrando-se com os outros homens e também com Deus. Através do trabalho de suas mãos o homem se alimenta do pão do corpo e do espírito (conhecimento, ciência, tecnologia, etc). O trabalho é composto por ação e repouso, portanto estes dois momentos devem ser contemplados, pois o repouso permite a pessoa a entrar em seu espaço interior. (JOÂO PAULO II, 2005)

A espiritualidade nas empresas ou no trabalho/ambiente de trabalho é definida como a tomada de consciência da empresa da razão de sua existência e sua missão diante de clientes e funcionários. Para tanto existe uma unanimidade entre os autores consultados que a empresa que vive sua dimensão de espiritualidade tem que rever seus valores morais e éticos estando voltada a serviço da vida. Seu rol de valores e crenças que determinam a formulação de suas políticas de gestão.( PENTEADO, et al. 2007; REGO, CUNHA e COUTO, 2007; BARCHIFONTAINE, 2007) Um destaque especial é dado na relação da empresa com seu funcionário, onde a este tem que ter respeitada sua singularidade, sua vida interior e a organização deve oferecer meios para a vivencia e expressões da espiritualidade dos mesmos, bem como a sua realização vocacional e sentido de vida (PENTEADO, et al, 2007; REGO, CUNHA e COUTO, 2007). Para que isso seja favorecido Rego, Cunha e Couto (2007) propõem as seguintes dimensões da espirtitualidade: sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os valores da organização; sentido de serviço à comunidade (trabalho com significado); alegria no trabalho; oportunidades para a vida interior. Ainda nesta relação com o funcionário. PENTEADO et al. (2007) traz que diferentemente da cultura que vem de fora para dentro, a espiritualidade é algo que parte do interior da pessoa e que se faz importante o desenvolvimento também da inteligência espiritual que é aquela que ajuda a entender a si próprio e a organizar aquilo que é emocional e racional. Enquanto forma de incentivo da espiritualidade no ambiente de trabalho no que se refere a religião há um consenso entre os autores consultados de não associá-la a vivencia de religião no sentido confessional/doutrinário, pelo contrário há a preocupação de se delimitar espaços da vivencia religiosa e da espiritualidade no trabalho. No entanto Vasconcelos (2007) afirma que apesar de não ser papel da empresa o desenvolvimento da espiritualidade no seu sentido amplo (cabe as religiões) a empresa tem o poder de mudar para melhor o mundo e a vida das pessoas. O mesmo autor citando Oliveira (2001, p.117) argumenta que a empresa e a religião têm papéis complementares “onde as religiões mostram o caminho, ensinam o respeito e o amor ao próximo e ensinam a orar; as empresas dão a oportunidade de trilhar o caminho, a oportunidade de amar e respeitar o próximo e a oportunidade de arar”, que pode ser entendido no seu sentido literal de arar a terra, ou seja, ir à prática e através do trabalho transformar, cultivar e favorecer o surgimento de vida na terra potencialmente fértil, que aqui simboliza o funcionário. Nesta mesma direção o Papa João Paulo II em sua Encíclica Laborem Exercens faz afirmação semelhante ao dizer que não cabe a Igreja a análise cientifica das conseqüências das transformações do mundo do trabalho no convívio humano, porém cabe a ela “fazer com que sejam sempre tidos presentes a dignidade e os direitos dos homens do trabalho, estigmatizar as situações em que são violados e contribuir para orientar as aludidas mutações, para que se torne realidade um progresso autêntico do homem e da sociedade.” (JOÃO PAULO II, 2005, p.9)

Quanto ao papel da Gestão de Pessoas nesta temática cabe um olhar direcionado a formação de líderes, como chama a atenção Penteado et al (2007) e Vasconcelos (2007) considerando tanto as características de espiritualidade presentes no mesmo como tranqüilidade, nível de consciência diferenciado, perfil cooperativo e não competitivos que favorece ambientes de trabalho melhores e mais produtivos, bem como entender as estratégias de liderança utilizadas para lidar com a espiritualidade dos funcionários. A base da espiritualidade é a vivencia de valores éticos e considerando que o líder por excelência é quem tem a função de disseminar valores e incentivar condutas éticas no trabalho, este deve ser o primeiro foco de investimento e atenção quando se pensa a espiritualidade no contexto de trabalho.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme os autores pesquisados muito ainda há para se estudar sobre o tema e fazendo coro a Vasconcelos (2007), um dos desafios da área são os estudos de avaliação de influencia da espiritualidade em temas como absenteísmo, turnouver, burnout (síndrome do esgotamento profissional), satisfação no trabalho, clima. Portanto para o tema ganhar a visibilidade que merece são necessárias muito mais pesquisas. A espiritualidade é um tema que não deve se limitar apenas a esfera intelectual na Gestão de Pessoas, porque é um tema complexo que exige uma leitura sensível da realidade e uma disponibilidade intelectual para leituras acadêmicas complexas, mergulhos profundos na subjetividade e posteriormente questionar seus próprios valores como pessoa e profissional. Neste sentido cabe o desafio de se pensar estratégias para desenvolver os profissionais de Gestão de Pessoas neste tema, para que a espiritualidade do trabalho e nas empresas ao invés de via de reflexão e crescimento não acabe correndo o risco de se tornar mais um produto de consumo na área. E ainda questionar se este tema de fato tem aparecido na formação dos profissionais. A falta de pesquisas na área pode ser inclusive reflexo da ausência do tema na grade curricular dos cursos de formação.

Por fim, a espiritualidade no contexto de trabalho é anterior a organização, então cabe refletir quais os valores que permeiam nossas vivências, haja vista que a criação de filhos, vivências familiares, comunitárias, religiosas, entre tantas, alteram, transformam e significam o sentido do trabalho.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BARCHIFONTAINE, C.P. Espiritualidade nas empresas. O Mundo Da Saúde. abr/jun 31(2). 2007, p. 301-305

CADERNOS IHU EM FORMAÇÃO. A sociedade de pós-humana - A superação do humano ou a busca de um novo humano? Ano 4 Nº 29 2008

Disponível em : http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_publicacoes&Itemid=20&task=edicoes_anteriores&id=3 Acesso em 12/02/2009

GONZÁLEZ-QUEVEDO, L. O que é o encontro espiritual na vida cotidiana. In: ESPIRITUALIDADE CRISTÃ NA PÓS-MODERNIDADE: DESAFIOS E PERSPECTIVAS. Palestra. S.Leopoldo: RS. UNISINOS . 2008. Mimeografado

JOÃO PAULO II, PAPA. Carta Encíclica sobre O Trabalho Humano- “Laborem Exercens”. 13ª. Ed. São Paulo: Paulinas. 2005.

MORA, J.F. Dicionário de Filosofia Tomo II (E-J). 2ª. Ed. São Paulo: Ed. Loyola. 2005 p.887

PENTEADO, J.R.W. et al. Mesa-redonda sobre a espiritualidade nas empresas. Revista da ESPM. vol 14, ano 13, ed. n. 1 jan/fev 2007. p.94-108

RAUPP, S.R. Ser humano cristão nos dias atuais. In: SOTER (org.).21o. Congresso Anual da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – Soter Edição digital – e book Paulinas 2008 , p.470-481

REGO A., CUNHA M. P.; SOUTO, S. Espiritualidade nas organizações e comprometimento organizacional. Rae-eletrônica, v. 6, n. 2, art. 12, jul./dez. 2007 http://www.rae.com.br/eletronica/index.cfm?FuseAction=Artigo&ID=3840&Secao=ARTIGOS&Volume=6&Numero=2&Ano=2007

SANTOS, D. C. A promoção da saúde mental no trabalho inserido em processo de gestão de pessoas em uma organização escolar. Monografia. (Especialização em Gestão de Pessoas). Curso de Pós-Graduação lato-sensu em Gestão de Pessoas. Universidade Metodista de Piracicaba. Piracicaba-SP. 2006

SIQUEIRA, D. O labirinto religioso ocidental. Da religião à espiritualidade. Do institucional ao não convencional. Sociedade e Estado, Brasília, v. 23, n. 2, p. 425-462, maio/ago. 2008

VASCONCELOS, A. F. Espiritualidade no ambiente de trabalho: muito além do fad-management. Revista da ESPM. vol 14, ano 13, ed. n. 1 jan/fev 2007. p. 110-123

VASCONCELOS, E. M. (org) A espiritualidade no trabalho em saúde. São Paulo: Editora Hucitec, 2006.



Novo Blog: Liderança Cristã e Pastoral

Em breve estarei lançando um novo blog refletindo sobre um tema muito interessante que é a Liderança Pastoral. Pelo fato de eu gostar muito dos temas relacionados a Espiritualidade do Trabalho, fica evidente a minha escolha pela perspectiva cristã na reflexão, mesmo nos trabalhos profissionais/acadêmicos.

Este blog nasce de uma necessidade de reflexão, neste momento onde estou preparando a parte de revisão de literatura de um projeto de formação de líderanças jovens, num grupo na paroquia na qual eu participo. Esta é uma fase relativamente solitária do trabalho, e escrever facilita elaborar as idéias. Este trabalho será um grande desafio para mim porque terei que conciliar uma reflexão sofisticada com simplicidade de execução, o que nem sempre é uma coisa fácil. Isto é uma grande arte! Não estou sozinha neste projeto, o grupo conta com um coordenador com uma visão muito boa de gestão, o que facilitará muito a construção deste projeto.

O grande desafio deste tipo de projeto é evitar o reducionismo, ou mesmo se deter apenas ao aspecto instrumental da formação de líderes paroquiais. E tbem não transpor o pensamento empresarial de eficiencia para dentro da Igreja, já que os materiais da área de Gestão Paroquial na atualidade têm por base na sua maioria os materiais tecnicos de administração e recursos humanos. Infelizmente tanto o tema Espiritualidade do Trabalho, como Jesus enquanto modelo de liderança/liderança servil, estão um tanto disvirtuados, servindo apenas de "chamariz" para consumo de best-sellers de reflexão superficial e intenção duvidosa.A proposta e de uma reflexão mais critica e uma oportunidade de se pensar a própria Gestão de Pessoas neste contexto, [a Igreja como organização de trabalho] que é algo fundamental, ocorre o tempo todo e nem sempre as pessoas se dão conta.

Teorias de Liderança não mudam independente do contexto, mas o que muda é a forma de conduzir a formação.E nosso desafio é ser como Jesus: lapidar pessoas!

Alguns artigos poderei postar neste blog e a discussão especifica em breve vocês estarão convidados a participar comigo no novo blog.

Deixo uma fala do coordenador do grupo que tem me inspirado neste momento:

"SER LÍDER É VOCAÇÃO"

E é isto que vamos desvendar neste novo espaço de reflexão, pensando pela ótica Vocacional Cristã.

Aguardem! http://liderancacristaepastoral.blogspot.com/








"Salariômetro": Como Está Seu Salário no Mercado de Trabalho?

Este site descobri por acaso em um telejornal. Muito interessante, pois permite acompanhar como o mercado tem remunerado nos ultimos meses diferentes funções/profissões.
É possivel conferir também as diferenças salariais na mesma função, por categorias como gênero e cor.( conferi algumas funções e infelizmente a diferença existe e é considerável)
.

Confira:

Governo do Estado de São Paulo
Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho

"Para saber o salário médio de admissão do cargo que você está procurando, preencha o formulário abaixo. O SALARIÔMETRO calculará o salário médio dos admitidos nos últimos seis meses no mercado de trabalho formal, com carteira assinada.

Caso o resultado seja nulo, tente fazer nova consulta agrupando algumas das informações. Escolha a opção "Todos" ou "Todas" em alguma(s) dessas informações (Estado, Faixa Etária, Cor, Gênero, Escolaridade, Setor).

Para entender como o SALARIÔMETRO funciona, clique aqui."

Fonte: http://www.salariometro.sp.gov.br/

E-book Gratis: Economia e Vida na Perspectiva da Encíclica Caritas in Veritate (clique no link para salvá-lo)

Eu comprei e o livro é mesmo muito bom! O depósito é de confiança, o livro veio certinho! Facilita ler em papel, do que no computador. Vale a pena comprar! Dani



"O Núcleo Fé e Cultura na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010*

Economia e vida na perspectiva da encíclica Caritas in veritate
A economia e a política vistas a partir do pensamento de Bento XVI e da Doutrina Social da Igreja

Para a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, cujo tema é a economia, o Núcleo Fé e Cultura organizou o livro Economia e vida, na perspectiva da Caritas in veritate, que busca ser um instrumento para aprofundar a reflexão sobre as implicações sociais, econômicas e políticas da Doutrina Social da Igreja na atualidade, partindo da última encíclica de Bento XVI.

Esta obra é um importante subsídio para grupos de estudo e pessoas interessadas em aprofundar tanto a reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade quanto sobre a Doutrina Social da Igreja. Conheça o livro e colabore conosco, divulgando a obra, indicando-a para amigos e colaboradores, disponibilizando o endereço eletrônico para download em sites e blogs, etc.

O livro conta com a colaboração de 16 autores, do Brasil, Itália, França, Alemanha, Estados Unidos, Argentina e Peru, que discutem de forma provocativa e propositiva a recente crise econômica e os grandes desafios para o desenvolvimento econômico e para a justiça social. Muitos deles fazem parte do Observatório Internacional Cardeal Van Thuân para a Doutrina Social da Igreja – organismo internacional que busca acompanhar e colaborar com as atividades do Pontifício Conselho Justiça e Paz, do Vaticano, e participaram como colaboradores na redação da Caritas in veritate.

Para mais informações, clique aqui.

Endereço eletrônico para download do livro: http://www.pucsp.br/fecultura/banner_livro.html

Você pode também adquirir o livro ao preço promocional de R$10,00, junto à Editora Companhia Ilimitada (editora.ci@terra.com.br,fone 2574-8539)."

*[conforme mensagem original recebido em e-mail]




A Transformação do Sofrimento em Adoecimento: do Nascimento da Clínica à Psicodinâmica do Trabalho

Brant, Luiz Carlos and Minayo-Gomez, Carlos

A transformação do sofrimento em adoecimento: do nascimento da clínica à psicodinâmica do trabalho.

Ciência e saúde coletiva, 2004, vol.9, no.1,

RESUMO *

Tem-se como pressuposto que o processo de transformação do sofrimento em adoecimento, na gestão do trabalho, está relacionado não apenas com a produção e reprodução de discursos originários da medicina científica, mas também com um conjunto de práticas sustentadas, na atualidade, pela medicina ocupacional. Partindo da diferenciação conceitual entre sofrimento, dor e adoecimento, buscou-se na literatura e em entrevistas com trabalhadores e gestores elementos para demonstrar a existência deste processo. Constatou-se uma tentativa de silenciamento do sofrimento e uma cultura da promoção do adoecimento no espaço da empresa, envolvendo trabalhadores, profissionais da saúde e os gestores com a cumplicidade de famílias de trabalhadores identificados como pacientes. No entanto, alguns casos oferecem resistência ao processo, constituindo um verdadeiro movimento do contra-adoecimento. Conclui-se que, nesses dois séculos de "medicina científica", embora houvesse desejo de mudança, renovação das práticas e investimentos das mais diversas ordens, atos iatrogênicos e violências foram e são cometidos ainda em nome da ciência, da saúde e do bem-estar dos trabalhadores.

*[de acordo com o original]

Texto completo

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232004000100021&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Subjetividade, trabalho e ação

Dejours, Christophe. Subjetividade, trabalho e ação.

Revista Produção , Dez 2004, vol.14, no.3, p.27-34. I

RESUMO *

Este artigo traz algumas questões para o debate sobre as relações entre trabalho e subjetividade. Nessa perspectiva o trabalho é aquilo que implica, do ponto de vista humano, o fato de trabalhar: gestos, saber-fazer, um engajamento do corpo, a mobilização da inteligência, a capacidade de refletir, de interpretar e de reagir às situações; é o poder de sentir, de pensar e de inventar. O real do trabalho sempre se manifesta afetivamente para o sujeito, aí se estabelece uma relação primordial de sofrimento, experimentada pelo sujeito, corporificada. Trabalhar é preencher a lacuna entre o prescrito e o real. Por isto é que uma parte importante do trabalho efetivo permanece na sombra, não podendo, então, ser avaliado. Outra questão abordada é sobre os acordos firmados entre os trabalhadores no seio do coletivo, de uma equipe ou de um ofício, que têm sempre uma vetorização dupla: de uma parte, um objetivo de eficácia e de qualidade do trabalho; de outra parte, um objetivo social. É proposta também uma discussão entre a teoria psicodinâmica do trabalhar, onde a centralidade do trabalho é um dos seus alicerces e a teoria psicanalítica onde esta questão não é abordada diretamente.

*[conforme original]

Texto completo :

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132004000300004&lng=pt&nrm=iso

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